Se hoje podemos desejar atravessar mundos, é porque nos resta
ainda, diante da queda do céu, um plano que se sustenta através
dos gestos criadores em arte. Esta arte não é aquela de grandes
objetos, ou espetáculos esfuziantes, mas a que guarda em seu
cerne motivos e condições para se estar junto.
Este livro é um rezo para um teatro-educação multicultural, através
do qual a travessia feita pela autora torna-se aberta à quem ousar
caminhar entre mundos.
O trabalho de Rafaela Herran, atento aos detalhes e aos tons
melhores apresenta um estudo sobre a dança da convivialidade
na aldeia guarani de Biguaçu. A autora tece em experimentos de
imersão, coleta narrativas, uma história desde uma perspectiva
juruá, repleta de generosidade. O que lemos é a narrativa de quem
aprendeu ao longo dos mais de dez anos de convívio a ouvir e a
contar histórias entre mundos. Enquanto encenadora e arte
educadora, Herran nos deixa claro que cada detalhe importa,
desde as descrições de sua própria condição de co